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VIDA VIVIDA NÃO É A VIDA SONHADA

Compreendo que a vida vivida nem sempre é a vida sonhada, isto é, a vida que temos não é necessariamente a que queríamos ou sonhávamos na infância ou juventude, entretanto, tal situação real não deveria provocar revolta e nem outros sentimentos de humilhação, impotência ou fracasso, pois, uma coisa é certa, você não é a única pessoa no Planeta que não conseguiu transformar o sonho em realidade e, além disso, ninguém é culpado por tal situação, isto é, ninguém é responsável pela vida que você tem. O problema é que, muitas vezes, nos deixamos ser sequestrados por nossas emoções e começamos como loucos reféns a culpabilizar Deus e o mundo pela nossa situação. Olhamos para o espelho da vida e não gostamos da imagem refletida, diante das cicatrizes das feridas produzidas pelo tempo, quero responsabilizar alguém por cada uma daquelas marcas no meu corpo refletido no espelho. Neste momento de sequestro emocional, quando nos sentimos contrariados, temos reações irracionais. O lado animal, o monstro que dormitava em nosso universo interior acorda, e lança com fúria tudo para fora, vomitamos nossas frustrações em todos. Como seres reativos e de forma tola querendo nos livrar das dores do mundo responsabilizando os outros. Neste instante de insensatez, agimos com estupidez. “Falamos o que nunca deveria ser dito por ninguém”. O questão é que não existe culpado, a vida é marcada pelo sofrimento, pela dor e pela solidão. “Mas não se preocupe meu amigo; Com os horrores que eu lhe digo; Isso é somente uma canção; A vida realmente é diferente; Quer dizer: Ao vivo é muito pior”, canta o poeta Belchior. Temos que aprender a administrar tal situação, saber lidar com as dores do mundo é a grande arte do viver. A vida é sofrimento, e temos que ter maturidade para perceber que não existe culpado por tal situação. Apenas aprender a conviver com cada mal no seu momento. Aprender a viver a própria vida e cada dia por vez. Sem medo, sem angustia. Cada momento de uma vez, como disse Jesus: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. O maior problema é querer com as preocupações antecipar o mal, como se fosse possível mudar a condição humana. Nossas preocupações com um futuro, o tempo que ainda não existe, que ninguém pode garantir que virá, seja para o bem ou para o mal, muitas vezes, é o maior problema de nossa existência. Problema imaginário, pois ainda não existe. Abdicamos de viver o presente sonhando com um futuro incerto. Outro problema é a idealização do passado. O tempo que já foi, que não será nunca mais, pois ninguém consegue voltar no tempo, se vive, se gosta, se deseja, se realiza, se tem prazer no agora, não no ontem, como canta divinamente a Marina Lima: ” os momentos felizes Não estão escondidos Nem no passado e nem no futuro”. Não podemos, viver o passado como se ele determinasse o presente ou resolvesse a incerteza do por vir, isto é tolice. A partir de nossas experiências vivadas ou sofridas, pensamos e nos iludimos que temos a formula da existência. Ledo engano. Não existe experiência no mundo que nos habilite a sempre acertar nas escolhas. As escolhas são frutos do acaso, ninguém tem certeza, apenas escolhemos. A experiência neste caso apenas nos revela que tudo tem metade de chance de dar certo e, a outra, de dar errado. Basta olhar nas múltiplas escolhas que já fizemos como isto é a realidade da vida. Por isso, sem medo de errar, podemos dizer: Viver é se lançar neste mundo das possibilidades. Estamos todos na mesma roda da vida ou roda da fortuna, por isso, temos que aprender a conviver com tal situação… Tentado, lutando e fazer o melhor que podemos. Não temos o controle, este é um problema do mundo da possibilidade. Tudo é possível. Quando a roda da fortuna gira tudo pode acontecer. A vida é controlada por uma vontade cega e caótica. Não é a nossa vontade, nosso desejo, nosso sonho, nossa expectativa que preside o rumo de nossa existência. Como o vento, a vida caminha independente de nossa vontade pessoal. É preciso aceitar essa situação e viver a vida como ela é.

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